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A Quatro Mãos

Nos tempos livres, eu e a minha mãe dedicamo-nos aos trabalhos manuais. É um vício que nos tem perseguido toda a vida e que funciona com terapia nos momentos de maior stress.

A Quatro Mãos

Nos tempos livres, eu e a minha mãe dedicamo-nos aos trabalhos manuais. É um vício que nos tem perseguido toda a vida e que funciona com terapia nos momentos de maior stress.

Quadros em ponto-cruz

01
Abr21

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Contei-vos que o bordado em ponto-cruz é a técnica de bordar de que mais gosto logo numa das primeiras publicações do blogue. Na verdade, é a única que sei. Quando era adolescente, aprendi o ponto-pé-de-flor (não me recordo com quem), mas com o tempo, acabei por esquecê-lo e dedicar-me em exclusivo ao ponto-cruz. Tem sido uma terapia nestes tempos de confinamento. 

 

A minha mãe tem tentado convencer-me a aprender também ponto de Arraiolos (a sua especialidade), sem sucesso. Não me perguntem porquê. Esta técnica também permite produzir trabalhos lindos e variados, mas não me seduz. Talvez um dia me arrependa. Afinal, como se costuma dizer, o saber não ocupa lugar.

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Tenho um quadro bordado em ponto-cruz por mim em cada uma das casas-de-banho e um terceiro na cozinha. Além de outro tipo de artigos sobre os quais vos falarei um destes dias. Já pensei encarar esta paixão como um negócio, mas não sei até que ponto teria viabilidade. Estes artigos demoram muito tempo a ser executados e os materiais não são propriamente baratos, além de que há pessoas que não dão o devido valor. Como acontece com todos os trabalhos executados manualmente.

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Esta técnica tem múltiplas aplicações. Desde quadros, almofadas, bijuteria, naperons, peças de vestuário, roupa de cama, etc., etc., etc. Acredito que a imaginação seja o limite, como em tudo na vida.

Talvez um destes dias ainda faça a experiência. O que vos parece?

Roupa para bonecas: uma paixão

07
Jul20

Confeccionar roupa para as bonecas é um dos passatempos da minha mãe. Já vos apresentei as vestimentas que fez para a Benedita e para a Tucha e as suas amigas. Hoje, apresento-vos mais uma (Esta, não tem nome. Há sugestões?). Optámos por um vestido azul, com apontamentos de branco e amarelo, cores alegres e festivas. Nos pés, sapatos de várias tonalidades (embora predomine o amarelo), e no braço direito, uma pulseira. Tudo em croché.

O que vos parece?

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Espanta-espíritos

02
Jul20

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O espanta-espíritos era considerado um amuletos pelos primeiros povos da América do Norte (Estados Unidos da América e Canadá). Estes povos primitivos acreditavam que o espanta-espíritos protegiam as crianças ao afastarem as más energias. Este objecto é também conhecido como caçador de sonhos ou sino de vento. Originalmente, era construído a partir de um aro feito de salgueiro-chorão revestido com tiras de couro no qual se entrelaçavam vários fios de forma a cria uma espécie de teia de aranha. No aro, era também comum pendurarem-se penas de aves ou contas, objectos de grande simbolismo para estes povos.

 

Segundo a lenda, registada pelo etnógrafo americano Frances Theresa Densmore (1867-1957) em 1929, o espanta-espíritos foi inspirado na deusa Asibikaashi (mulher-aranha, em língua ojíbua), protectora das crianças. Quando o povo ojíbua (um dos povos primitivos) se mudou para o norte do continente americano, acreditando que a deusa não podia acompanhá-los, as mães e as avós construíram estes objectos em forma de teia de aranha e colocaram-nos nos berços para que os maus espíritos não atacassem as crianças.

 

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Nos anos de 1960 e 1970, este objecto foi apropriado pelo Movimento Pan-Índigena como símbolo da união de todos os povos indígenas. A partir de 1980, o espanta-espírito começou a popularizar-se, e hoje é possível encontrá-lo um pouco por todo o mundo, das mais diversas formas e materiais. Normalmente penduram-se junto às portas ou janelas para manter as más energias fora das casas.

 

Esta semana, eu e a minha mãe, decidimos construir o nosso primeiro espanta-espírito. Aproveitando um aro de madeira que tínhamos guardado, forrámo-lo com trapilho branco (que no sobrara de um outro projecto). Para o meio, a minha mãe fez uma roseta em croché com fio de algodão em múltiplas cores para que o espanta-espírito ficasse colorido. Depois de presa a roseta ao aro, pendurámos  três rabos-de-porco (tiras em croché enroladas que lembram mesmo os rabos dos porcos), e colocámos junto de uma das nossas janelas.

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Gostam?

Brevemente, apresentaremos outro espanta-espírito. Fiquem atentas/os.

Restauro de molduras

28
Mai20

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Numa altura em que as finanças pessoais estão a sofrer um forte abalo devido à pandemia da Covid-19, poupar é uma das palavras de ordem. Não significa isso que não possamos mudar um pouco a decoração da nossa casa. Às vezes, é suficiente um novo pequeno apontamento para que uma divisão fique diferente, ganhe um nova vida. Essa mudança poderá fazer-se, por exemplo, com a colocação de molduras nas paredes ou nos móveis com fotografias dos nossos entes queridos ou de locais que nos marcaram especialmente. Tenho várias molduras espalhadas pela casa, com fotografias, gravuras que comprei ou trabalhos que bordei em ponto-cruz.

 

Por vezes, nem sequer é necessário comprar molduras novas para renovar a casa. Quantas vezes não lhe apeteceu retirar uma moldura da parede ou de um móvel simplesmente porque já estava envelhecida ou deixou de gostar dela? Já para não falar naquelas molduras que nos ofereceram e das quais nunca gostámos, e por isso decidimos guardá-las na arrecadação. Porque não restaurá-las ou aproveitá-las para outros fins? Há inúmeros tutoriais na Internet com ideias muito interessantes. Eu vou começar com estas duas molduras. Em breve, mostrarei o resultado final.

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A arte de crochetar

06
Mai20

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O croché foi a primeira técnica de trabalho com linha que aprendi com a minha mãe. Antes de entrar na escola primária, já eu ensaiava os primeiro quadradinhos e pauzinhos. Sempre com a linha de algodão presa ao pescoço, como a minha mãe de ensinou. Achamos que os trabalhos ficam mais perfeitos. A arte de crochetar é utilizada há vários séculos (as primeiras publicações na Europa datam do século XIX, mas estima-se que a sua criação seja anterior) e tem múltiplas aplicações (naperons, toalhas, colchas, peças de roupa, etc.). Quem não se recorda dos naperons em cima dos televisores (bem mais largos do que os actuais) ou nos sofás?

 

O meu gosto e curiosidade pelo croché levaram-me a comprar, há uns largos anos, este livro Os segredos de crochetar (Edição da Agência Portuguesa de Revistas, s/d), escrito por F. Oliveira. Com uma escrita simples e bastantes ilustrações, permite, a quem dá os primeiros passos nesta arte, aprender facilmente a montagem das malhas. Para quem quer ir mais além, ensina inúmeros pontos e possíveis aplicações. Antes do aparecimento da Internet e dos tutoriais (tão em voga nos dias de hoje), os livros e as revistas eram os meios por excelência de ensino do croché (a seguir à aprendizagem com a ajuda de quem já sabia fazer, como foi o meu caso).

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Afinal, como se pode ler neste livro, «Crochetar é um trabalho fascinante para toda a mulher porque a crochetagem permite à pessoa realizar, com o seu próprio saber e com próprio esforço, uma coisa útil e graciosa. Crochetar, é também, a mais moderna das antigas artes femininas». Hoje, já não é assim, mas no tempo das nossas mães e avós, eram raras as mulheres (de todas as classes sociais) que não soubessem fazer croché.